sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sem medo no peso.

Madame Saatan lança disco de estréia e nos presenteia com álbum atípico no idioma de Camões.


Não é de hoje que o rock nacional carece de boas novidades no mainstream. Então, correr para os porões e garagens Brasil afora, tem sido um recurso pra quem busca boas novas em se tratando de música boa, e dessa vez não é diferente, é do independente que vem mais uma ótima banda, a Madame Saatan. O grande lance da galera da Madame são as peculiaridades em que se situam. A banda surgiu em 2003 na terra do Calypso, o Pará. Haverá comparações com Pitty, pela localização e por ser uma mulher a frente de uma banda, ainda que ela seja do Nordeste e a trupe de Sammliz do Norte, mas não se limite a detalhes, a Madame Saatan vai muito além. Na formação Sammliz no vocal, Ivan Vanzar (bateria), Edinho Guerreiro (guitarra), Ícaro Suzuki (baixo). Com essa formação matadora a banda constrói música a base de muito peso e riffs memoráveis. Mesmo tendo uma vocalista à frente não pense encontrar músicas fáceis, nem pop de FM, tão pouco baladas arrasa quarteirão. A banda faz som pesado, metal e ainda em bom Português. O que já nos faz prestramos mais atenção na banda. Logo na abertura do álbum, o primeiro da carreira, nos presenteia com o primeiro single, “Devorados”. A canção traz um instrumental cativante, pesado e a letra trata de problemas sociais. Parece mais do mesmo, mas hoje, no emaranhado emo, falar dos nossos problemas com criatividade conta muito, e como. Mas também não se esquece de ritmos tupiniquins para dar tempero. Como em “Cine Trash” que traz uma introdução de samba executada pelo baterista, mas sem perder o peso do metal apresentado pelo grupo. A faixa “Apocalipse” é apoteótica, com quase ode ao trash metal, com excelentes riffs. Em “Ele Queimou Ela Sorriu” a letra traz toda a acidez de Sammliz e acompanhada de um instrumental bem trabalhado. Outros destaques são “Molotov”, o hardcore cadenciado de “Vela” e a última faixa do disco “Promoteu”, com seus criativos sete minutos. Muitos vão procurar enquadrar Sammliz e sua trupe em rótulos e semelhanças, mas Madame Saatan não tem medo do peso. E isso os faz bem mais coerentes e tomam uma posição de não estarem do mesmo lado que outras estão por aí.

Madame Saatan
Madame Saatan
(Ná Records)

Nota: 8,5


Veja o clip de “Devorados”:

Você consegue fazer o número 5?

Se você está se perguntando que diabos é número 5, saiba que você pode estar mais por fora do que imagina. É praticamente impossível não ter ouvido "A Dança do Créu" o mais novo fenômeno funk que invadiu o Brasil. Semana passada, envolveu até brigas entre clubes do Rio de Janeiro. Nas comemorações após gols, os jogadores provocavam os rivais dançando o tal do "créu". Começou entre Botafogo e Fluminense, depois foi na final da Taça Guanabara entre o primeiro e o Flamengo. A música repete "créu" em cinco velocidades, de forma crescente. Mas não é só, tem que ter disposição e habilidade, como o próprio MC Créu adverte. Mas não pense que isso começou do nada. A nefasta Rede Globo que não é boba, e faz muitos de, começou a colocar sem parar nas festas do seu reality show - o Big Brother Brasil - a tal música. E para espanto de muitos todos sabiam dançar. O MC Créu, outrora sob a alcunha de MC Colibri, já via sua música na boca da galera em bailes funk no Rio. Depois do BBB para os estádios foi só alegria. Um de seus vídeos, munido de dançarinas "apetitosas" eu diria, ensina todos os passos. O vídeo já passa de seis milhões de acessos no YouTube. Repetir uma palavra em velocidades diferentes e fazer sucesso com o grotesco é ruim, muito ruim. Faz-nos perder as esperanças na nossa tão peculiar cultura e ainda termos que aturar uma emissora com tanto poder de persuasão jogar lixo na sua tela. Crééééééeéééu(do)!


Assista:

Blue October. Saiba mais sobre a carreira crescente dos texanos.

Muitas vezes, algumas bandas surgem para marcar uma época e fazer algo atemporal. Quase sempre quando se faz algo realmente importante, só se é lembrado muito depois ou quando alguém da banda morre, mais ainda quando o frontman morre. A história dos Texanos do Blue October se mostra diferente. A banda tem conseguido um sucesso crescente. Nada de muito espetacular, mas que é capaz de deixá - los um bom tempo gravando bons albuns. A banda se formou em Houston no ano de 1996 sob o peculiar nome, em um bom português, Outubro Azul. O quinteto é formado por Ryan Delahoussaye no violino, CB Hudson na guitarra, Matt Noveskey, o resto da banda se completa pelos irmãos Jeremy Furstenfeld na bateria e Justin Furnstenfeld nos vocais. Jeremy mais velho é mais temperamental enquanto Justin é o mais extrovertido do grupo. Além de ser o frontman e principal letrista da banda. O Blue October teve um desempenho modesto nos dois primeiros álbuns o The Aswers de 1998 e o Consent To Treatment de 2000. Foi com History For A Sale, lançado em 2003 que a carreira da banda parecia tomar um rumo crescente. Tudo graças à inclusão de uma das músicas na trilha sonora do filme American Pie. A faixa era a excelente "Calling You". Com essa grande divulgação a banda começou a acumular admiradores de diversas partes dos Estados Unidos.

Três anos depois veio a consolidação. Chegam as lojas Foiled, até então o maior sucesso comercial do grupo. Nos primeiros oito meses foram vendidas mais de 500.000 cópias e ganharam disco de platina na terra do Tio Sam, alcançando o segundo lugar da parada de Modern Rock da Billboard. Empulsionado pelo hit “Hate Me” que invadiu as rádios de diversas partes do mundo incluindo Europa e Brasil. Deste album também saíram "Into The Ocean" e "X Amount of Words". Sobre o álbum o vocalista Justin comenta: “Queríamos fazer um álbum como sempre sonhamos”. E ele vai mais longe. “Nós temos um som eclético, sendo nas baladas ou no rock direto. Sempre nos certificamos de que o rock que fazemos seja o mais pesado do que possa ser eventualmente. Queríamos soar tão pesado quanto os Deftones”. Viagens a parte do extrovertido Justin, o Blue October veio pra ficar. Atualmente a banda segue em turnê.
Assim como foi abordado no ínicio desse texto. Diversas bandas surgem a todo o momento de várias partes. Algumas delas conseguem o estrelato rápido e desaparecem com a mesma intensidade. Talvez o fato dos Octobers passarem por um período de quase seis anos batalhando por um reconhecimento lançando bons discos, fazem deles excepcionais no mercado fonográfico. Sinceridade, talento e energia eles tem de sobra. Resta-nos aguardar pelo próximo disco, e torcer para que não sofram da “síndrome do segundo disco”.
Que no caso deles, não é um problema.

Discografia:

The Answers - 1998
(RoDan Entertainment/Scoop)

Destaques: "Blue Sunshine", "Italian Radio" e "Breakfast After Ten"

Nota: 7,5

Download: http://www.badongo.com/en/file/5078459


Consent To Treatment - 2000
(Universal Records)

Destaques: "James", "HRSA" e "Idenpendently Happy"

Nota: 7,5

Download: http://www.badongo.com/file/5074019


History For Sale - 2003
(Brando/Universal Records) Nota 8,0

Destaques: Está neste album uma das melhores música da carreira da banda, e uma das responsáveis por colocar o Blue October no mapa da música, "Calling You". Outros destaques são "Amazing" e "Razorblade"

Download: http://www.badongo.com/file/5078854

Foiled - 2006 (Brando/Universal Records) Nota: 8,5

Destaques: Até então a obra prima da banda. Tanto na parte estética, quanto na parte musical. A banda alcançou timbres e sonridades impressionantes, conseguindo assim uma identidade musical. É também o maior sucesso de crítica e público. Foi disco de platina antes mesmo de oito meses de lançamento. Estão aqui o hit "Hate Me" que levou a banda a diversos lugares, até mesmo o Brasil, "Into The Ocean" e "Congratulations".

Download: http://www.badongo.com/file/5082654

"Echoes, Silence, Patience & Grace" prova o que muitos já concordam. Foo Fighters é uma das melhores bandas da atualidade.


Ultrapassar a marca de 10 anos de carreira e ainda assim lançar discos periodicamente, de qualidade e fazer sucesso são para poucas bandas, bem poucas mesmo. O Foo Fighters soube passar por uma década ileso, fazendo bons albuns e ainda assim frequentando fácil fácil, Tops de albuns e singles mais vendidos por todo o mundo. Por onde passam levam multidões e fazem o verdadeiro rock de arena, levando milhares de fãs cantarem e deixando com cara de espetáculo. Dave Ghrol, um frontman fora do comum, sempre nos presenteia com boas surpresas, foi assim em toda sua carreira junto ao Foo Fighters desde a sua estréia até o ousado disco duplo In Your Honnor lançado em 2005. Echoes, Silence, Patience & Grace não foje muito ao padrão de qualidade "Foo". Mas pode fazer franzir as sombrancelhas de fãs mais radicais da banda. "Lond Road To Ruin" é uma boa canção pop, assim como "Resolve" era em In Your Honor. As Faixas "Come Alive" e "Summer Ends" mostram um lado mais limpo e calmo. Remetendo a grupos de "rock mácio" - como o próprio Ghrol disse em entrevistas mundo afora - dos anos 70 . Mas não pense que o álbum fica apenas no pop/rock. "The Pretender" primeiro single do cd é matadora, rock de arena. Pra pular. Pra gritar. Como bons hits de rock devem ser, como vários hits do Foo Fighters foram (Monkey Werench, All My Life). Há também a pesada "Erase Replace" e a empolgante "Cheer Up Boys" que prova a capacidade de se criar refrões memoráveis. "Statues" mostra mais um bom momento com piano cativante e um solo de guitarra no talo nos prendendo até o fim da canção. "The ballad of the Beaconsfield miners" homenageia mineiros australianos que ficaram presos por duas semanas e esperavam o resgate ouvindo a banda. Com o passar dos anos a banda tem assumido uma característica mais séria, deixando de lado toda a brincadeira e o bom humor refletido em albuns anteriores, o que não seja ser ruim, afinal saber envelhecer bem é pra poucos. Echoes não deixa aquela impressão que albuns como The Colour On The Shape e no quase perfeito Theres Nothing To Lose deixaram de ao mínimo devem uma boa audição pra quem curte um bom rock. Mas prova cada vez mais que bandas como Foo Fighters não devem nada a nova geração "angustiada" e "deprimida" que engana e assola o mercado fonográfico mundial. Sem franjas e maquiagem. Direto e reto, como deve ser. Echoes não vai salvar o rock, mas ainda nos faz ter esperança, que ainda exista bandas que façam você parar pra escutar. "But Honestly" e nada mais.

Foo Fighters
"Echoes, Silence, Patience & Grace" - 2007
Nota: 8,0


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Sobre A Janela.


O Janela da Percepção surgiu há alguns anos pra falar essencialmente de música e abrir espaço para outras vertentes da cultura pop (cinema e televisão). Agora virais, séries e web hits entram em pauta.



Sobre o autor:

Um lindo, só que não.
Deivison Zotino é pai orgulhoso e devotado da linda Júlia Alaide, quase formado em Rádio e TV, Gestor de Recursos Humanos, é são-paulino fanático. Já foi metaleiro from hell, já acreditou que o rock salvaria o mundo. Vai ao cinema com pouca frequência, vê toneladas de séries, baixa milhões de discos e de quando em nunca compra os dos seus artistas favoritos. Lê livros, vai em shows quase nunca. E está um período sabático em relação ao amor, rs.