quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"A Cidade do Sol"


Após o best - seller “O caçador de Pipas” Khaled Hosseini tinha um grande desafio: supera - lo à altura. Em “A Cidade do Sol” (A Thousand Splendid Sun), Hosseini Cruza de forma surpreendente as histórias distintas de Mariane & Hadish com as de Laila e Tariq, provando que veio pra ficar na literatura mundial. O livro assim como “O Caçador…” é ambientado no Afeganistão, explorando os detalhes e as mazelas locais das últimas quatro décadas. Mas, muito além de explorar o exotismo local, Khaled explora muito bem os sentimentos humanos e de como a vida pode ser ingrata com algumas pessoas tornando pois, assim, o seu romance universal.

O começo de Marian é o mais desanimador de que se possa imaginar e não por acaso o mais comum em diversas culturas. Filha da empregada com patrão rico, qunado criança alimentava ilusões sobre seu pai Jalil. O herói que a tiraria do lugar sem esperanças em que vivia. A menina esperta quias morar com o pai, fugiu de casa e encontrou a dura realidade de ser “a filha bastarda” de um empresário bem sucedido. Na volta pra casa viu uma das cenas da qual ninguém gostaria de ver: a sua mãe enforcada em suas fraquezas. O casamento arranjado às preças com Radish poderia ser um recomeço para a Marian na inocênica de seu 15 anos. O seu casamento com um homem muito mais velho e as tentativas frustradas de terem um filho juntos foi deteriorando o cotidiano de casal. Juntando isso com a intolerância e machismo de Radish resultou no inevitável: violência doméstica.

Paralelo ao drama de Marian, começa a história dos jovens Laila e Tariq, vizinhos de Marian. Um amor mútuo que só fez crescer com o passar dos anos. A invasão talibã alguns anos mais tarde devastou a cidade e Laila acabou perdendo seus pais e seu amor de infância. Tendo que pedir abrigo as vizinhos Marian e Radish. O que acontece então é surpreendente. Começa um triângulo amoroso conturbadíssimo. Com o nascimento do filho de Laila e Tariq. Marian e a mesma deixam de ser meras inimigas a grandes amigas dentro de um pesadelo sem fim à ambas. Um laço afetivo equivalente ao de mãe e filha encanta o leitor até as linhas finais.

Não querendo bancar o chato e contar pontos importantes do livro pra quem se interessou por esses aperitivos, o que pode - se dizer é que o livro é tão bom quanto “O Caçador…” e explora ainda mais os conflitos humanos. Deixando o leitor preso na trama até o fim, mechendo com seus conflitos, os seus valores. O grande trunfo de Khaled em “A Cidade do Sol” é esse: mecher com as relações pessoais do leitor. As ligações afetivas bem exporadas onde em muitos momentos da leitura comparamos com as nossa vidas.

Hosseini poderá dormir em paz novamente. “A Cidade do Sol” brilha mais que o reflexo solar nas areias do Afeganistão.

“A Cidade do Sol - A Thousand Splendid Sun” ; Editora Nova Fronteira; 2007.

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