sábado, 10 de maio de 2008
O horror televisionado.
É fato que a concorrência na televisão está levando as pessoas a pensarem princípios da constituição e do próprio Jornalismo. O dever é claro, de informar tudo imparcialmente está sendo deturpado há tempos. Então, na briga pelo ibope vale tudo baixarias, sensacionalismos que seguem certa tendência. Recentemente o caso Isabella tem movimentado essa indústria com uma cobertura digno de reality show televisivo. Em poucas palavras, é como se fosse um novo Big Brother Brasil. Os noticiários de todas as grandes emissoras dão destaque que beira ao sensacionalismo. Se você não esteve em coma no último mês, acompanhou a dor de uma família em pleno horário nobre. No melhor estilo de tablóides, emissoras de comunicação em geral, fizeram plantão em frente a delegacias e correram pela melhor imagem ou por uma declaração ‘exclusiva’. Mas, a imprensa não serve pra isso? Sim, serve. Mas não serve pra ganhar dinheiro encima disso. Em uma reportagem da TV Bandeirantes (BAND) o repórter estava dentro do cemitério onde foi enterrada a menina, e acontecia uma missa de um mês de morte. Câmeras e flashs na mãe da garotinha que chorou. Nesse momento o jornalista diz: ‘pela primeira vez a mãe se emociona em público’, como se fosse uma necessidade instantânea, a da mulher em estado muito deplorável, chorar para o deleite dos cinegrafistas. Ainda no mesmo local, o avô de Isabella fazia o percurso até a saída do cemitério e neste momento o repórter encheu o senhor com perguntas capciosas, burras e imbecis: ‘o que você está sentindo nesse momento?’, ‘o senhor poderia falar mais sobre como está à mãe?”“. Rapaz, ela está mau, muito mau. Assim como todas as pessoas que estão perplexas com um crime tão monstruoso.
Emissoras cobriram passa a passo a reconstituição do crime, algumas (Record) chegou a parar toda a programação para transmitir o que eles diziam ser ‘jornalismo de qualidade’. Qualidade? Que qualidade é essa, penso eu. Sem contar a entrevista pífia que o casal deu à Rede Globo no programa “Fantástico”. E no outro dia, todos repetiam incansavelmente. Erros da polícia são apontados como se fosse à mão implacável da verdade. Vendem mais manchetes e engordam as empresas. Infelizmente, a imprensa sensacionalista parece estar dominando os grandes veículos, que também por estarem loucos por ibope, tomam medidas horrendas, como execrar em rede nacional a dignidade de uma família como a da mãe de Isabella e assim, por ser um crime perverso, usa e abusa de velhos e infalíveis clichês do jornalismo: o óbvio. Espero que você leitor esteja em busca de muito mais que isso e que, justamente por isso, não se deixa levar pela debandada. Queremos que os culpados pelo crime de Isabella paguem (acredito que o pai e a madrasta). Mas, sem precisar desse reality show sujo no ar em várias emissoras, que só enfraquece o trabalho da justiça.
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