terça-feira, 1 de setembro de 2009
Lançamento: Pitty - Chiaroscuro
Após quatro anos, Pitty está de volta com material inédito. O título do novo disco causa estranheza em quem o ouve: Chiaroscuro. Uma palavra italiana que significa luz e sombra, uma técnica de pintura de Leonardo da Vinci que aposta neste contraste. O disco vai mesmo por esse caminho e mostra que a banda, ao contrário de muitas que estão no mercado, prefere arriscar pra agregar mais público, ao invés de manter fórmulas datadas pra segurar o sucesso. A produção continua com Rafael Ramos e mais uma vez, Pitty aposta em citações cult que vão de Edgard Allan Poe a Marcel Proust.
"8 e 80" abre o disco muito bem, e mostra que Pitty ainda não se acostumou em viver nesse meio de estrelas: "Nem sempre ando entre meus iguais(..) ,me dou bem com os inocentes, mas com os culpados me divirto mais". A música tem um ótimo instrumental e mostra a banda muito bem introsada. A música termina com vocais alá Queens of the Stone Age, influência confessa de todos do grupo. Na sequência, "Me Adora", o primeiro grande hit do disco, mostra que os baianos também se dão bem fazendo um pop pras massas. Melodia assobiável e refrão fácil. Com influência declarada da Jovem Guarda, "Me Adora" tem fôlego nas FMs e causou espanto em alguns fãs mais metódicos. Mas é um grande passo. O rock "Medo" parceria entre Pitty e Martin traz um refrão muito bem construído e explode do meio pro final, causando realmente medo em quem escuta. Com citação de Marcel Proust é séria candidata a hit.
"Água Contida" é a grande supresa do disco. Com toque de tango e participação do violinista Hique Gomez do Tangos e Tragédias, dão o tom aos conflitos de Pitty em uma das melhores faixas do álbum. Uma ousadia pra lá de bem vinda! Com um começo desses, era de se esperar que o disco caísse. Mas a ótima balada "Só Agora" emociona. É explicita que a composição foi para o filho que não veio. Convence. Depois do momento ternurinha, "Fracasso" chega derrubando tudo com um bom riff e refrão memorável. Tem perfil de FM.
Pitty se inspirou em Simone de Beauvoir, pra compor a feminista "Desconstruindo Amélia". Destaque pra bateria de Duda. "Rato na Roda" é a mais fraca faixa do disco. Não se justifica no meio de músicas concisas. O power pop "Trapézio" tem um riff "legalzinho". Mas é com a ótima "Todos Estão Mudos" que o disco se encerra. Fazendo uma alusão ao clássico de Roberto Carlos "Todos Estão Surdos", a faixa tem referência até de O Corvo de Edgard Allan Poe e confirma que Pitty não quis ficar na mesmice de seus discos anteriores e que não foi à toa que ela saiu das garagens baianas pra se firmar no cenário pop do Brasil.
Em meios a tantos rocks pueris e letras que dizem menos que um enlatado de supermercado, Chiaroscuro da Pitty pode não agradar pessoas em busca do óbvio. Não é uma obra prima, mas é a melhor opção do mainstream nacional. Pra ouvir várias vezes!
Pitty, Chiaroscuro - Deck Disc | Cotação: 7,5
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Escrito por
Unknown
às
12:39
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