sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Vamo lá, gentalha!"


Nunca fui de ver novela. Quando adolescente, vi poucas, afinal passava horas à frente da TV sintonizado na MTV Brasil. Mas lembro de ter acompanhado “Vamp”, as reprises de “A Viagem”, “Belíssima”, e as novelas recentes de Manoel “leblon” Carlos. Até aqui, “A Viagem” era disparada minha novela favorita e a Bia Falcão interpretada genialmente pela veterana Fernanda Montenegro era uma vilã descomunal. Tudo isso veio abaixo desde maio do ano passado, quando o jovem João Emanuel Carneiro enfrentou pela primeira vez o horário tão cobiçado das nove com “A Favorita”.

Desde as chamadas, com Patrícia Pillar e Claúdia Raia fazendo o mesmo discurso me chamou atenção. Mas o que me deixou mais curioso foi o fato de João ter feito apenas duas novelas das sete de muito sucesso ser escalado para o horário nobre. Foi uma aposta muito alta da Rede Globo. Na estréia, a concorrência alçou o último capítulo da novela mais bizarra de que se tem notícia. “Caminhos do Coração – Os Mutantes” da Record chegava ao fim para dar espaço de vez aos “Mutantes”. Apontado por muito como golpe de mestre do autor Tiago Santiago, a novela da Record roubou às atenções da estréia global deixando “A Favorita” com o ‘pior ibope de uma estréia de uma novela das oito de todos os tempos’. Não me espantou o alarde da imprensa e segui vendo a novela de João e comprei a idéia da dualidade de Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia).

Durante dois meses, Carneiro brincou com o público sobre a autoria do assassinato de Marcelo. Quem estaria falando a verdade? Flora pagou pelos seus crimes? Donatela é mesmo uma psicopata? João acabou com o mistério em pleno início de novela. Flora era mesmo a culpada, contrariando o público. Torci pra que fosse Flora mesmo. Patrícia Pillar merecia sua primeira vilã.

Deixando esses detalhes “técnicos” de lado, o folhetim virou meu favorito e de muitas pessoas que não gostam de novelas simplesmente porque não houve enrolação. Era ação, suspense, novidades a cada bloco, ganhando ritmo de seriados norte americano. Ao contrário das outras novelas em um capítulo aconteciam coisas que poderiam demorar semanas em outros folhetins. A barbárie de Flora e a ótimas atuações do núcleo de Triunfo seguraram os telespectadores e só fez aumentar a audiência da novela. De fracos 34 pontos de média do início a novela passou a 40 e na reta final tem batido 50 pontos diariamente, dando uma volta nos mutantes. Provando que o público está cansado do óbvio e quer ser provocado.

Vai ser muito difícil bater a atuação magistral de Patrícia Pillar como a vilã Flora. Amoral, irônica e criativa fez piada com tudo. E simplesmente foi impossível não rir de seus apelidos “carinhosos”. Quem zombaria do pai com mal de parkson o chamando de “tremelique” ou então chamar a própria filha de “purgantizinha”? Também vale ressaltar a atuação de outros veteranos como Claudia Raia, Jackson Antunes, Lilian Cabral, Glória Menezes, Mauro Mendonça e tantos outros que deram vida ao texto mais “difícil” que já foi levado ao ar no horário nobre.

Contudo, “A Favorita” que acaba hoje, marcou uma nova época na teledramaturgia brasileira. O fim de melodramas intermináveis, a busca interminável pelo verdadeiro assassino e principalmente, o fim de textos óbvios. Não foi dessa vez que a Record bateu a Rede Globo. Porque nem sempre uma piada tem o mesmo efeito pela segunda vez. O melhor de tudo é ter a certeza que a “poderosa” levou a melhor com um texto de qualidade. Que venham mais favoritas de João Emanuel Carneiro e “pode aplaudir, porque eu tô mandando!”.


Vejam uma palinha de Beijinho Doce remix, apresentação solo de Flora Pereira da Silva, grande hit desse verão:


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