Janela da Percepção - Música e cultura Pop.

"Everybody here..." e a primeira frase do primeiro single da banda já alardeava. O R.E.M. queria todo mundo aqui para ouvir tudo o que eles tinham pra dizer. A banda que já havia ocupado o posto de uma das poucas bandas que ainda tinham prestígio, sucesso e bons álbuns, se perdeu nos últimos anos. O que se viu foi um R.E.M. burocrático, enfadonho e insosso. Sim, a banda parecia descer ladeira se perder em meio a uma carreira tão brilhante. Mas o 14º trabalho de inéditas dos caras, veio pra derrubar o marasmo e sacudir a poeira deixada por álbuns tão chatos pra ser sincero. Accelerate não é a obra prima da banda. Mas ele veio pra firmar que os caras não vivem hoje apenas de prestígio e que são sim telentosos. Logo nas três primeiras faixas do CD, "Living Well is the Best Revenge", "Man-sized wreath" e a já citada "Supernatural superserious" contornam bem o clima acelerado do disco. E empolga. Na sequência "Hollow Man" e "Houston" usam como base piano e violão, mas não deixa o clima "UP" cair. A faixa - título, que se justifica por si só, mostra um R.E.M. direto, sem burocracia e ainda nos presenteia com bons riffs. Esse começo vai ser arrebatador nos palcos. Já o resto de Accelerate, mostra o R.E.M. como nos últimos anos, não empolga como o resto do álbum, mas nada que vá tirar a guinada necessária que esse novo álbum se propôs. Há a boa balada "Until the Day is Done", a emoção que exala em "Mr Richards", a urgente e excelente "Horse to Water" e o encerramento em grande estilo com "I'm Gonna Dj". Na balança, o CD não é o melhor da banda, enfim, mas é sim o melhor desses últimos anos, onde o R.E.M. parecia amargar e murmurar a saída do batera Bill Berry - que abandonou a banda depois sofrer um aneurisma cerebral -, e vivia um grande e extenso momento de depressão profunda. O álbum está no talo pra fazer muito sucesso, sem soar falso. Não há nada melhor que sair por aí ouvindo no seu player "Supernatural Superserious" e respirar aliviado por uma grande banda voltar à sua altura. Para os céticos, vale à pena ouvir. É impossível não se deixar levar por "everybody here...".